No primeiro capítulo, somos introduzidos ao estado atual da empresa e à maneira surpreendente como o protagonista, Bill Palmer, é promovido. O objetivo desta série é realizar um debate sobre o livro, capítulo por capítulo. E criar um debate sobre TI e DevOps.
Outras capitulos:
- Capitulos 1 ao 3
- Capitulos 4 ao 7 (Em breve)
- Capitulos 8 ao 12 (Em breve)
- Capitulos 13 ao 16 (Em breve)
- Capitulos 17 ao 21 (Em breve)
- Capitulos 22 ao 29 (Em breve)
- Capitulos 30 ao 35 (Em breve)
- Analise geral do livro (Em breve)
Nem todos estão disponiveis ainda.
ô loco bixo, a empresa está pegando fogo meu! É esta fera ai chamada Bill Palmer bixo.
- Faustão
Capitulo I
O livro do projeto Fenix inicia introduzindo o problema do Bill Parlmer.
Ele é diretor de Operações de Tecnologia em uma empresa chamada Parts Unlimited e está vivendo um dia atípico, lidando com instabilidades da rede na empresa. Problema que, aparentemente, rende uma chamada telefônica inesperada de Laura Beck, do RH.
Bill é chamado para uma reunião de urgência. O sentimento dele é que será demitido, mas ao chegar ao escritório da Laura, é surpreendido com a notícia de que ele foi promovido a vice-presidente de Operações de TI da empresa. Isso ocorreu após a saída inesperada do CIO, Luke, e seu chefe direto, Damon. Embora a promoção possa parecer uma boa notícia para alguns, Bill está preocupado, pois esse cargo foi ocupado por diversas pessoas nos últimos anos. Ele considera o cargo instável devida a alta rotatividade e divide o medo de ser demitido.
No primeiro momento ele prefere continuar liderando sua equipe. Que segundo ele é organizada e confiável, diferente do caos de outras áreas. E expressa seu descontentamento com a ideia de aceitar a nova posição. No entanto, Laura, diz que a decisão veio diretamente de Steve, o CEO, e leva Bill para encontrá-lo.
No escritório de Steve, Bill fica surpreso com a simplicidade do local e se impressiona ao descobrir que Steve foi major do exército dos EUA. Steve cumprimenta Bill e imediatamente lembra de um projeto bem sucedido que Bill liderou há cinco anos atrás, expressando sua admiração pelo trabalho bem executado, além de também compartilhar experiências das forças armadas.
O primeiro capitulo finaliza com Bill aceitando, a contragosto, a promoção e concordando em gerenciar um incidente crítico relacionado à folha de pagamento.
Capitulo II
Assim que Bill aceita (Forçadamente) a promoção. Uma bomba já é implantado para ele desarmar. Um problema na folha de pagamento. Se o problema não for resolvido até as 17h, vai impedir a empresa de pagar seus funcionários, o que viola várias leis trabalhistas e, portanto, pode levar a problemas com o sindicato. Ao sair da sala de Steve, Bill encontra a secretaria Stacy, que tece elogio: "Ele é único, trabalho para ele há quase dez anos e o seguirei para qualquer lugar"
Problema na folha de pagamento
Para tentar resolver a situação, Bill se reúne com Dick. Ao encontra-lo, menciona que acaba de ser promovido, fato que foi ignorado por Dick e resumiu com um "Parabéns" seco e sem nenhuma enfase. Em seguida ambos vão ao encontro de Ann. Ela explica como o sistema de folha de pagamento funciona e confirma que a folha de pagamentos está parcialmente correto. Eles acreditam que o problema foi possivelmente devido a um problema de TI.
Com um plano inicial em mente, Bill considera a ideia de reunir as equipes de desenvolvimento e banco de dados. Ele acredita que esses grupos poderiam elaborar uma solução pontual. No entanto, descarta essa opção. De acordo com a experiência dele misturar as equipes técnicas e de negócios, especialmente em uma situação crítica, pode ser um desastre.
O tempo está correndo e Bill tem até as 15h antes de tomar uma decisão final. E Bill demonstra estar contente com o fato de ter entendido o time de negócios.
Time técnico
Ao entrar no Prédio da TI, Bill percebe que o local parece velho e negligenciado. O prédio antigamente era uma fábrica de pedais de freio. Além disso o segurança faz um cumprimento alegre, Bill tenta esboçar alguma forma do segurança desejar sorte para ele no seu novo cargo. Em seguida se dirije até seus dois principais gerentes, Wes e Patty.
Wes é o Diretor de Operações. Bill descreve ele como um homem de 113kg, 1.91m de altura e os braços dele não se cruzam totalmente quando debruçados sobre sua barriga. Segundo Bill ele é barulhento, franco e direto. Além disso é responsável por mais de mil servidores Windows e pelas equipes de banco de dados e redes. Já Patty é a Diretora de Suporte a Serviços de TI, pensativa, analítica e que adora processos e procedimentos. Bill menciona que eles são complementares, e quando algo dá errado na TI, as pessoas geralmente ligam para Patty.
Ao chegar atrasado na reunião, Bill insiste em ter uma conversa privada com Wes e Patty. No caminho da sala de Patty, Bill observa a foto da filha dela. Chegando na sala ele menciona a saída de dois membros da equipe, Luke e Damon, surpreendendo Wes e Patty, que não estavam cientes da situação. Wes expressa descontentamento sobre Steve ter promovido Bill. Faz isso num tom agressivo questionando suas habilidades e experiência para lidar com sistemas distribuídos, argumentando que Bill está desatualizado.
Apesar da situação, Bill enfatiza que a prioridade é resolver o problema da folha de pagamento. Eles não sabem ao certo a causa da falha, mas Wes e Patty explicam a Bill que houve um problema crítico e interrompeu várias funções. Brent, um excelente técnico, foi redirecionado do projeto Phoenix para ajudar nesse problema. Este desvio provavelmente vai causar problemas com Sarah, a Vice-Presidente Sênior de Operações de Varejo. Ela é descrita por sua habilidade de culpar os outros por seus próprios erros.
Bill também descobre que a empresa não consegue entregar uma máquina virtual para Chris, o Vice-Presidente de Desenvolvimento. Chris está concentrado no projeto Phoenix e qualquer atraso na entrega pode causar complicações.
Wes brinca que não queria estar na posição de Bill, especialmente se isso significasse lidar com Sarah.
Capitulo III
Esse capítulo encerra o problema da folha de pagamento. O problema é um pano de fundo da ideia central - como a cultura DevOps pode ajudar a organizar o caos existente na empresa - é aqui que o autor introduz uma série de problemas que serão resolvidos com as práticas de DevOps.
Resolução do problema da folha de pagamento
Brent lembra que, na noite anterior, um desenvolvedor perguntou sobre a estrutura da tabela do banco do sistema de folha de pagamento. Wes questiona a todos de sua equipe sobre o problema pelo viva voz, mas também faz comentários de que sua promoção está mais distante. Na call são informados que um desenvolvedor, Max, que trabalha na equipe de John estava fazendo uma mudança urgente em um projeto de segurança antes de sair de férias. Patty insiste em querer interrogar John, pois quer enfrenta-lo por saber que ele e sua equipe frequentemente ignoram os processos da TI. Bill ressalta que situações como essa apenas reforçam seu preconceito contra desenvolvedores, eles normalmente quebram coisas e então desaparecem, sobrando para as Operações arrumar a bagunça. Bill também observa que a única coisa mais perigosa que um desenvolvedor é um desenvolvedor aliado com alguem da segurança. Segundo ele a Segurança da Informação está sempre dando carteirada nas pessoas e fazendo demandas urgentes, independentemente das consequências para o resto da organização, e é por isso que eles são excluidos de muitas reuniões. Bill também ressalta que não consegue alinhar suas demandas com uma real e perceptivel melhora no sistema da empresa.
Na conversa com John, Bill novamente explica que foi promovido, porém John, apenas observa que Luke e Damon foram embora por que negligenciaram a auditoria ao mesmo tempo que alerta o recém promovido Bill. Essa observação surpreende Bill, enquanto Patty diz que John está "maluco". Na conversa descobrem que a falha ocorreu devido a uma mudança feita na aplicação, além disso a aplicação não seguiu os processos de TI pois estava pressionado por uma urgencia da auditoria. E segundo Bill, Paty e Wes a raiz do problema foi não ter seguido o processo. Agravado pelo fato de que o time de John não conseguiu testar a mudança adequadamente devido à falta de um ambiente de teste.
Bill, quer saber quem mais, além de John, fez mudanças nos sistemas nos ultimos dias. Patty revela que essa tarefa será dificil já que muitas equipes, assim como a de John, não seguem os processos de gerenciamento de mudanças e não usam as ferramentas apropriadas.
Bill finaliza o dia e chega em casa após meia-noite. Encontra resquícios de uma festa em sua honra que perdeu. Apesar das melhorias não foi possível evitar a repercussão negativa da falha. Ao deitar, recebeu um e-mail informando que a empresa provavelmente estaria nas manchetes devido ao erro. O email relatava que a Parts Unlimited falhou em compensar corretamente seus trabalhadores devido a um erro no sistema de pagamentos. A empresa que já enfrenta dificuldades financeiras, prometeu corrigir o erro, mas a notícia prejudicou ainda mais a imagem da empresa. Ao final Bill teve dificuldades para dormir.
Analise
Bill possui uma percepção apurada do ambiente corporativo da empresa e entende os perigos inerentes ao cargo proposto, o que também é sua dor inicial. Interessante notar que a narrativa não aborda aspectos como o salário e benefícios do novo cargo, nem explora os desejos pessoais do protagonista ou sua vida fora do trabalho antes de aceitar a promoção.
A promoção para um cargo de maior responsabilidade, e risco, não deve ser analisada apenas sob a ótica do risco de perda de emprego. Comumente, ascender na hierarquia de uma grande corporação é mais do que uma simples constatação de habilidades gerenciais acumuladas ao longo de uma década de trabalho. A dinâmica corporativa é mais complexa e vai além disso. Embora haja muitas ferramentas de avaliação, o que determina alguém ascender a CEO, CFO, CIA, FBI ? As avaliações além de serem subjetivos, não são transparentes. A decisão de Steve é um mistério, mas tudo bem, a proposta principal é outra, o importante é nossa reflexão.
A decisão de Bill também poderia ser avaliada levando em consideração seu contexto familiar. Uma posição de maior responsabilidade em uma empresa sob pressão por resultados pode causar impactos significativos na vida pessoal, como estragos no casamento, na relação com os filhos, e até mesmo no gerenciamento de seu próprio estresse. Embora, por enquanto, sejam meras conjecturas, são elementos que poderiam enriquecer o debate sobre promoções para cargos de pressão.
Além disso, Steve manipula Bill a ponto dele praticamente se ver sem opção, senão aceitar. Ele faz isso ao relembrar um projeto de cinco anos atrás e ao mencionar os dias no exército. Dada sua posição, seu poder como CEO e conhecendo o histórico militar de Bill, cabe outra reflexão sobre o beco sem saida de Bill, será que é uma promoção mesmo?
O primeiro capítulo já entrega de cara o que vai acontecer ao decorrer do livro: Uma romantização da empresa e das relações de trabalho dentro dela, sem criticas sobre esses comportamentos.
Bill começa comentando a dificuldade nos relacionamentos dentro da empresa, além disso parece que ele tem um complexo de inferioridade.
Um exemplo é quando Dick parabeniza Bill pela promoção a um cargo importante com apenas um "Parabéns". A expectativa de Bill, embora não explícita, parece ser de uma reação mais contudente. O que ele esperava? Uma continencia? Um abraço? Ainda é incerto onde o autor pretende chegar com essas observações. A mesma critica se aplica quando Bill quer compartilhar a notícia de sua promoção com o segurança.
Bill faz observações sobre a aparencia de Wes e dado o conjunto de adjetivos, parece estar menosprezando, enquanto Patty é retratada como alguem fria. Outra observação é a breve passagem sobre a filha de Patty. O tema da família aparece de forma quase irrelevante, assim como o "Parabéns" de Dick e a falta de parabéns do Segurança. Em determinado momento Bill nos deixa com a impressão de que Wes é um ser desprezivel. Contudo, não podemos esquecer que ele também menospreza Wes. No momento que Bill o descreve, fica evidente que o menosprezo é bilateral. Wes, por sua vez, ofende Bill ao desqualifica-lo do cargo e mostrar que ele não está preparado para assumi-lo, bem como desqualifica seu conhecimento técnico.
Voltando ao tema do livro, nesse inicio o autor começa a trabalhar a ideia de obsolescência. Começando quando Bill faz comentários sobre o prédio antigo. Essa ideia vai permeando a narrativa, apesar de não estar explicito, o autor introduz elementos que provavelmente serão explorados em capítulos futuros, elementos-chave da cultura DevOps.
Por exemplo, o fato de o time de negócios e o time técnico estarem em prédios diferentes, criando silos. Isto fica evidente quando a solução do time técnico parece ignorar a necessidade de resolver o problema do negócio. Eles estão focados em um problema técnico, uma atualização de sistema, mas a solução para o problema da empresa envolve a folha de pagamento. Bill cogita a ideia de mesclar o time técnico com o de negócios para uma solução pontual, mas logo descarta esta opção.
Este ambiente meticulosamente construído pelos autores sugere que Steve é um homem eloquente e visionário. No entanto, as sutilezas não devem ser ignoradas. Há uma embalagem de que o CEO é homem de negócios bem-sucedido que escolhe cuidadosamente suas palavras e lidera através da empatia, não pelo poder. É importante notar a discrepância entre a descrição do presidente Steve, como alguém meticuloso com suas palavras e capaz de criar empatia e conexão, e a realidade de uma empresa repleta de problemas e conflitos pessoais. Há uma contradição aparente: como um líder tão carismático pode liderar uma empresa com tantas questões internas?
Bill tem uma orientação voltada para operações, isso fica claro ao revelar preconceitos contra as áreas de segurança e desenvolvimento. Isso pode criar uma conexão com os leitores que vêm da área de operações, muito comum no público de DevOps. Entretanto, essa discussão é míope e me chamou a atenção o número de destaques feitos pelos usuários do Kindle quando Bill descreve o desenvolvedor e um analista de segurança a partir de estereótipos de senso comum. Essa quantidade de highlights dos usuários no livro revela mais sobre o perfil do público do que sobre o problema em si.
A área de desenvolvimento tem problemas, e a raiz do problema não reside na inquestionável, irredutível, o Santo Graal dos processos Itil e gestão de mudanças da área de operações. A raiz do problema habita na ausência de boas práticas de engenharia de software. E que são agravadas pela cultura das empresas, tão bem elaborada pelo autor. Isso não significa minimizar a importancia de tais práticas. A hipérbole tem como objetivo mostrar a você, leitor, que comumente é dado muita importancia aos processos sem perceber que a raiz do problema está em outro lugar.
Se houvesse desenvolvedores competentes empregando boas práticas de desenvolvimento de software, os processos poderiam ser simplificados. A realidade, porém, é dura. Existem muitos desenvolvedores ruins que colaboram para essa visão estigmatizada. No entanto a surpresa vem da conclusão de que a ausência de processos é a causa do problema, quando, na verdade, a raiz do problema é a falta de boas práticas de desenvolvimento.
O autor explora bem os ruídos de comunicação, disputas e atritos entre os personagens. As referências à vida pessoal são apenas uma estratégia para humanizar Bill. Fica claro que a intenção do autor não é aprofundar-se nesse aspecto.
Por outro lado o livro estabelece nos primeiros capitulos pontos chaves sobre os problemas corporativos que serão resolvidos com DevOps, principalmente no terceiro capitulo. Debates para o qual ele vai se propor a resolver.
O mundo corporativo parece bem representado aqui. Quem está no topo é frequentemente retratado como um ser quase divino, perfeito, um líder, um exemplo a ser seguido. Enquanto isso, os colegas são os inimigos. O problema não é quem explora e se beneficia desse ambiente tóxico, que ele mesmo contribuiu para criar. O problema são os pares.
É uma visão bastante precisa, pois o mundo dos negócios parece mesmo ser assim. Os cargos de cima são religiosos, ocupadas por pessoas visionarias. Esse tipo de visão muitas vezes nos deixa míope e o livro reforça esses estereotipos, mas a culpa não é do livro. A reflexão fica para nós, leitores, quando é que criamos essa imagem de que sucesso no mundo dos negócios é ser celestial?
O ambiente corporativo tem esses conflitos, jogo de interesses, problemas de ego, complexos de inferioridade e por que os cargos ainda maiores não serão assim?
A cultura da empresa é o reflexo da liderança.
Esses subtextos não podem passar despercebido. É importante dar luz a essas inconsistencias. Dessa forma podemos nos questionar por que não percebemos essas incoerencias. Finalmente, o tópico da família surge, mas desaparece tão rapidamente quanto apareceu.
O livro começa difuso, mirando em muitos sub-temas e muitas observações. Isso é bom para nos inserir no contexto, mas ao mesmo tempo não dá para saber ao certo aonde ele quer chegar. PS: Melhora nos próximos capitulos.
Tenha em mente
O que estou fazendo é uma analise critica, adicionando novos pontos de vista ao livro, novas dimensões não exploradas. Não significa que não gostei do livro, ao contrário, fazer esse trabalho significa ampliar o debate.
De modo simplificado, podemos conceituar a análise crítica de um texto ou até mesmo do artigo, ou de qualquer outra categoria de trabalho acadêmico como uma reflexão/avaliação detalhada sobre o conteúdo em mãos. É através da análise das informações do texto que destacamos detalhes dos trabalhos como os pontos negativos que existem, ou seja, os pontos de discordância com o autor. Ademais, nessa análise podemos extrair críticas construtivas, o lado positivo das informações, quais foram os problemas destacados e se as soluções apresentadas foram satisfatórias, os métodos que o autor utilizou para chegar na resposta da pergunta e se os objetivos foram alcançados.
Conclusão
Gostou dos novos sabores adicionado ao livro? Tem algum ponto novo a acrescentar? Gostaria de ouvir sua opinião.